As conquistas intelectuais dos árabes, também chamados de sarracenos,
foram consequência da grande expansão por eles realizada, a qual lhes
possibilitou o contato com as mais diversas civilizações da época, como a
bizantina, a persa, a indiana e a chinesa.
Ao contrário do que se supõe, os
povos conquistados pelos árabes eram respeitados, podendo conservar seus
costumes e crenças. Essa tática foi extremamente benéfica aos
sarracenos, pois lhes permitiu assimilar o patrimônio cultural de outras
civilizações, enriquecendo-o com contribuições próprias. Seu universo
cultural adquiriu, assim, configurações originais, as quais muito
influenciariam a cultura medieval europeia.
Arquitetura
A arquitetura é considerada a mais
importante das artes sarracenas, destacando-se a construção de palácios,
mesquitas e escolas. Suas formas e ornamentos revelam profunda
influência bizantina e persa. Entre os principais elementos
arquitetônicos, contam-se as cúpulas, os minaretes, os arcos em
ferradura e as colunas torcidas. Na decoração, encontramos uma profusão
de motivos geométricos e vegetais. Veja mais em: Arquitetura Islâmica.
Literatura
A literatura muçulmana recebeu grande
contribuição dos persas, cuja presença se manifesta em obras como O
livro dos reis do poeta Al-Firdausi, o Rubayyat, de Omar Khayyam, e As
mil e uma noites, coletânea de contos eróticos, fábulas e aventuras,
derivados das literaturas de diversos povos orientais.
Ciência
A ciência foi o campo em que os
árabes mais evoluíram. Apoiados no legado grego, aprofundaram os estudos
científicos, tornando-se notáveis matemáticos, físicos, astrônomos,
químicos e médicos. É seu mérito, por exemplo, a adaptação do sistema
numérico indiano ao arábico, originando o sistema de numeração
indo-arábico, amplamente utilizado no Ocidente. Realizaram ainda grandes
progressos na trigonometria e na álgebra. Desenvolvendo pesquisas sobre
a refração da luz, criaram os fundamentos da óptica.
Nos estudos de alquimia, em que
buscavam descobrir a "pedra filosofal" (substância que transformaria
metais em ouro) e o elixir da longa vida, os árabes acabaram por fazer
descobertas importantes para a química, como o carbonato de sódio, o
nitrato de prata, os ácidos nítrico e sulfúrico, o álcool e muitas
outras. Também foram eles os primeiros a descrever os processos de
destilação, filtração e sublimação. Na medicina, realizaram importantes
conquistas, como a descoberta da natureza contagiosa da tuberculose e o
diagnóstico de doenças como o sarampo. Avicena (980-1037), o mais famoso
médico da época, foi o autor do Canon, obra da ampla circulação na
Europa até o século XVII.
História
A investigação científica abrangia
outros campos do conhecimento, como a história, a filosofia e a
economia. No final da dinastia abássida, havia mais de seiscentos
historiadores árabes, destacando-se Ibn-Kaldum, o primeiro a enfatizar a
importância dos fatores materiais na explicação do suceder histórico.
Filosofia
Na filosofia, preservaram-se os
conhecimentos de Aristóteles e de Platão, os quais serviram de base para
as realizações de Avicena e de Averróis (1126-1198), que influenciaram
sobremaneira o Ocidente europeu, especialmente durante a efervescência
cultural da Baixa Idade Média.
Economia
O conhecimento das ciências
econômicas muito contribuiu para o desenvolvimento do Império Árabe,
pois ofereceu suporte às transações comerciais, regulamentando as cartas
de crédito, as companhias de ações etc. Assim, progrediram os grandes
centros manufatureiros, como Mossul, que fabricava tecidos de algodão;
Bagdá, que produzia artefatos de vidro, joias, cerâmicas e sedas;
Damasco, voltado para a produção de aço; Marrocos, que manufaturava
couro; e Toledo, confeccionando espadas.
Conclusão
A civilização muçulmana, assim como sua contemporânea bizantina,
influenciou profundamente o pensamento e, em consequência, a vida do
Ocidente europeu. O intenso desenvolvimento econômico do Império Árabe
afetou substancialmente a Europa feudal no final da Idade Média,
estimulando o comércio. Os árabes levaram para o Ocidente não só
mercadorias, mas a filosofia grega, há muito esquecida, novas técnicas
de agricultura, invenções chinesas, como a bússola, o papel e a pólvora,
além de inúmeras outras contribuições.
Por: Paulo Magno da Costa Torres
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