Origem da Vida
A humanidade sempre se perguntou sobre sua própria origem e sobre a origem da vida. Talvez nunca se conheça a resposta, mas o ser humano continua em busca de explicações.Primeiras teorias sobre a origem da vida
Durante muito tempo, no Ocidente prevaleceu a explicação sobre a origem da vida descrita na Bíblia, no relato do Gênesis sobre a Criação. Assim, o Universo, a Terra, os seres vivos e a espécie humana foram criados em seis dias. A partir das genealogias da Bíblia, calculou-se o momento exato da Criação: 23 de outubro de 4004 a.C, ao meio-dia.A ideia da geração espontânea surgiu na antiga Grécia e predominou durante mais de 2 mil anos. Pensava-se que poderiam surgir seres vivos a partir da carne em decomposição, de grãos, da terra úmida. A crença era baseada, efetivamente, no fato de que sobre a carne em decomposição apareciam vermes e larvas. Francesco Redi, no século XVII, descobriu que as larvas não surgiam por si sós, mas que provinham de ovos de moscas. Lazzaro Spallanzani, no século XVIII, demonstrou que em frascos hermeticamente fechados que continham caldo de carne não apareciam microrganismos, ao passo que, nos que estavam mal fechados, eles acabavam se desenvolvendo.
Louis Pasteur, em 1864, demonstrou a impossibilidade da geração espontânea da vida. Já se aceitava que não se podiam formar seres vivos complexos, como insetos, a partir de nada, mas ainda não estava claro no caso de microrganismos.Pasteur preparou vários frascos com caldo de carne; esses frascos tinham um pescoço longo, que Pasteur estirou e curvou em forma de "S".
Ferveu seu conteúdo para esterilizá-lo, mas não os fechou hermeticamente; assim, o ar poderia entrar livremente, mas os microrganismos ficavam no "pescoço de cisne" do frasco e não contaminavam o caldo. Ainda hoje, conservam-se no museu Pasteur alguns desses frascos, que continuam intactos, sem se contaminar.
Experimento de Pasteur: Ele demonstrou que a vida não podia surgir de forma espontâneaEssa refutação da geração espontânea foi um marco para a história da ciência, por ter representado um grande avanço; porém, apresentava outro problema; se não era possível formar matéria viva a partir de matéria inanimada, como surgiu a vida na Terra primitiva?Segundo essa hipótese, a vida foi gerada no espaço exterior e viaja de um planeta para outro, percorrendo diferentes sistemas planetários, O filósofo grego Anaxágoras (século VI a.C) foi o primeiro a propor uma origem cósmica para a vida. No entanto, foi a partir do século XIX que essa hipótese teve seu auge, devido às análises realizadas com os meteoritos, que demonstravam a existência de matéria orgânica, como aminoácidos. A hipótese de panspermia postula que a vida é levada ao acaso de planeta a planeta e de um sistema planetário a outro. Seu maior defensor foi o químico sueco Svante Arrhenius (1859-1927), que afirmava que a vida provinha do espaço exterior em forma de esporos bacterianos que viajavam por todo o espaço, impulsionados pela radiação das estrelas.Teorias modernas sobre a origem da vida
Segundo a teoria da evolução, todos os seres vivos descendem de um antepassado comum. E como apareceu esse ancestral? Em primeiro lugar, deve-se indagar de onde vem a matéria orgânica.Em 1924, o cientista russo Aleksandr Opann expôs a teoria mais aceita até agora sobre a aparição das moléculas que formam os seres vivos. Segundo ele, a vida se originou no mar. Devido à interação dos componentes da atmosfera com a radiação solar, muito rica em radiação ultravioleta, formaram-se algumas moléculas orgânicas. Essas primeiras substâncias orgânicas iriam se acumulando no mar, onde se combinariam com outras graças à energia proporcionada pelas tempestades. Essa mistura de substâncias orgânicas, que seria especialmente rica em alguns mares superficiais, recebe o nome de "sopa primordial".
À teoria de Oparin foi testada experimentalmente na década de 1950 pelo químico norte-americano Stanley Miller, Para tanto, Miller programou um aparelho de laboratório que simulava as condições ambientais da Terra primitiva. Nesse aparelho, Miller introduziu uma mistura de gases que pensava estar na atmosfera primitiva: hidrogênio, metano e amoníaco. Previamente, extraiu todo o gás oxigênio do interior do dispositivo.Millerfez circular vapor de água por todo o aparelho e produziu descargas elétricas no recipiente que continha os gases, Com o tempo, formaram-se algumas das substâncias, componentes das proteínas e dos ácidos nucleicos.Esquema do aparelho empregado por Miller em seu experimento.
Em 1977, o oceanógrafo John B. Corlíss descobriu mananciais submarinos de água quente (a quase 400 °C) no fundo oceânico, com complexos ecossistemas associados a eles. Em uma região considerada fria, escura e desolada, Corliss descobriu vida independente do Sol. Isso o fez pensar que as condições do fundo oceânico poderiam ser melhores para originar a vida que as da atmosfera primitiva. Michael Russel, ao investigar a possível origem do organismo vivo mais simples, postulou que a vida surgiu nesses mananciais termais submarinos, ricos em sulfeto de hidrogênio (H2S) e ferro, que precipitam como sulfeto de ferro (FeS) e formam chaminés de espuma sólida cujos espaços puderam servir de suporte, favorecendo o desenvolvimento das membranas celulares.A formação de moléculas sensíveis que propunham Oparin e Haldane recebeu críticas relacionadas com a pequena concentração de substâncias que havia na "sopa primordial". Foi proposta a participação de materiais como a argila, que atuariam como catalisadores, atraindo e concentrando em sua superfície as moléculas sensíveis e favorecendo sua união em polímeros, para gerar as primeiras macromoléculas biológicas: proteínas e ácidos ribonucleicos.
Por: Rena Bardine
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