quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Degradação do Solo


A degradação mais importante dos solos por ocorrên­cia natural se dá por lavagem excessiva das camadas superficiais pela água de chuva, fenômeno denominado lixiviação, típico das regiões tropicais do planeta. O transporte dos nutrientes dos solos por infiltração da água ou por erosão, diminui sua fertilidade, além de ocasionar um outro fe­nômeno: a laterização.
A laterização é a oxidação dos solos pelo acúmulo de me­tais como o ferro e o alumínio, formando carapaças endureci­das, típicas de regiões tropi­cais do planeta, como a África e a América Latina. Importante ressaltar que esse fenômeno ocorre por associação entre água e calor, portanto, solos expostos à ação da água de chuva e raios solares são mais agredidos. Solos protegidos por cobertura vegetal sofrem menos a ação da natureza.
Causas da degradação
As características do relevo também podem associar algu­mas formas de degradação. A topografia do relevo, quando in­clinada, pode ser agente facilitador de processos erosivos, proporcionando maior velocida­de das águas de enxurradas, fa­zendo surgir voçorocas e desli­zamentos de terra nas encostas.
Porém, inegavelmente, as maiores agressões aos solos são provocadas por ação humana.
Erosão do solo
Tanto nas zonas urbanas como rurais verifica-se grande falta de cuidado em relação aos impactos ambientais provocados pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimento eco­nômico. As necessidades conjunturais, a falta de políticas preventivas e de fiscalização eficiente, potencializam o problema principalmente nos países subdesenvolvidos.
Nos centros urbanos, por exemplo, os solos são cons­tantemente agredidos pelo despejo de lixo a céu aberto, sem qualquer cuidado técnico para a sua separação. Gran­des quantidades de lixo orgânico, que poderiam ser im­portante fonte de recurso (como produção de adubo e gás metano), fermentam e deterioram produzindo o chorume, que penetra nos solos e se infiltra nos lençóis freáticos, sendo transportado por gravidade para os mananciais.
Os loteamentos periféricos, realizados sem planejamento nos grandes centros urbanos, também se somam às agressões aos solos. O desmatamento de vastas áreas sem qualquer estudo de impacto ambiental causa, a curto , prazo, problemas de assoreamento de rios e represas. Ou seja, com as chuvas, solos antes protegidos por vegetação ficam expostos à ação erosiva, despejando grandes cargas de sedimentos nessas águas. Os desmatamentos, a urbanização caótica e o mau uso do solo agrícola, com monoculturas e pastagens extensas, provocam a perda do solo por erosão e diminuição da diversidade biológica.
Nas zonas rurais, a falta de conhecimento apropriado e a falta de fiscalização podem transformar o agricultor num agressor. A queimada, por exemplo, prática histórica no Brasil, ainda continua a ser executada tanto por lavradores que praticam a agricultura de subsistência, como por empresários que realizam a agricultura comercial.
O fogo, apesar de limpar o terreno rapidamente, destrói os microrganismos do horizonte superficial dos so­los, desgastando-o. Além disso, a carga de CO2 jogada na atmosfera através da fumaça, é fator determinante na aceleração do efeito estufa.
A destruição das Matas Ciliares que acompanham os leitos de muitos rios brasileiros é também fator de agres­são aos solos. Essas matas são verdadeiros nichos de vida, além de proteger as regiões marginais da erosão. Quando devastadas, os solos perdem a proteção natural por ocasião das enchentes, assoreando os rios com os sedimentos transportados pela chuvas.
O uso indiscriminado de defensivos agrícolas, alguns deles proibidos nos países desenvolvidos, também agridem os solos. Os agrotóxicos penetram nos lençóis freáticos, são transportados para os rios e lagos e, muitas vezes, demoram muitos anos para deteriorar-se.
Por essa razão é que está avançando muito nos países desenvolvidos a chamada "agricultura orgânica", onde se desenvolve a produção agrícola com uso de adubos e defensivos totalmente naturais. No Brasil, os produtos da agricultura orgânica já começam a ser desenvolvidos e ensaiam sua entrada no mercado através do selo "produ­tos orgânicos", largamente defendidos pela área de saúde como mais apropriados para o consumo humano. Além disso, essa produção não agride o meio ambiente, sendo uma atividade ecologicamente correta.
O problema é que, regra geral, pelo menos por en­quanto, esses alimentos são mais caros que os convencio­nais. Em se tratando de país com uma população de bai­xo poder aquisitivo como a do Brasil, parece que tal vira­da está um pouco distante de acontecer. A verdade é que o conceito de que o mais caro pode, a médio prazo, sair mais barato, atrai consumidores. É simples: muitas vezes consomem-se produtos mais baratos e produzidos de forma inadequada, causando problemas à saúde, gastando-se posteriormente com remédios.
O conceito de produção agropastoril, com atitude téc­nica de respeito ao ambiente, tratando-o como um organismo vivo que precisa ser preservado, está se difundindo no mundo globalizado. Hoje, os países estão preocupados com a forma como os alimentos importados são produzidos em seus países de origem.
A questão ambiental assumiu um papel de suma importância nos critérios de negociação de compra e venda dos produtos agropastoris e seus derivados. A preservação dos solos, a maneira de tratar o ambiente e a forma de produzir alimentos parecem, no conjunto, apontar para uma meta importante: o melhor remédio é o alimento saudável e a vida saudável depende do ambiente que se constrói. 


Pode-se dizer que os solos degradam de duas maneiras principais: de forma natural, como consequência da ação da natureza, e por interferência humana. No primei­ro caso, o conhecimento técnico pode ajudar a evitar as consequências de desastres naturais, através de atitudes preventivas, além de alterar constituintes minerais dos solos por meio de corretivos agrícolas. No segundo, o conhecimento estabelece a importância da continuidade do uso dos solos como prioridade vital, de maneira saudável e sustentável, abandonando-se a ideia de uso predatório, típico do lucro imediato e inconsequente.
















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