sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Terceira Revolução Industrial



Quando estamos falando das revoluções industriais que marcaram o período de formação e consolidação do capitalismo em âmbito mundial, não podemos levar o conceito de revolução no sentido de “ruptura imediata” que o nome possa nos sugerir. Trata-se, na verdade, de um processo relativamente longo e gradativo, ou seja, que vai ocorrendo aos poucos, com o passar dos anos.
Assim, considerando que a III Revolução Industrial é a mais recente dinâmica de transformação dos sistemas produtivos, podemos dizer que ela ainda está sendo vivenciada nos dias atuais. Cada novo aparelho tecnológico descoberto e lançado no mercado é, dessa forma, um novo capítulo dentro desse episódio histórico.
III Revolução Industrial – também chamada de Revolução Técnico-Científica Informacional – iniciou-se em meados do século XX e correspondeu ao processo de inovações no campo da informática e suas aplicações nos campos da produção e do consumo. As grandes realizações desse período são o desenvolvimento da chamada química fina, a biotecnologia, a escalada espacial, a robótica, a genética, entre outros importantes avanços.
A Revolução Técnico-Científica também foi responsável pela total integração entre a ciência, a tecnologia e a produção. Hoje, as descobertas científicas encontram-se, em grande parte, voltadas para o mercado. Quando uma inovação é realizada, especula-se como aquilo poderá transformar o cotidiano das pessoas. Quando um novo aparelho ou tecnologia são inventados, já se contam as horas para que ele esteja nas prateleiras para consumo.
Esse processo também foi o responsável pela instrumentalização da economia financeira, mais conhecida por Economia de Mercado, e sua integração mundial, vinculada ao que chamamos de Globalização. Isso porque ela propiciou o máximo desenvolvimento nos meios de comunicação e transporte, que alcançaram proporções jamais vistas anteriormente. As grandes distâncias e obstáculos, que antes separavam países e regiões, não representam mais os mesmos desafios de outrora.
Um exemplo disso é o fato de que, no sistema de aviação, os voos cuja trajetória ultrapassam as 12 horas de duração (desconsiderando as escalas)  são considerados de “longa duração”. Antigamente, levavam-se dias para que uma pessoa se deslocasse de uma cidade para outra, e meses, ou até anos, quando a distância envolvia países distantes. Atualmente, um dos voos comerciais mais longos do mundo, o que liga a cidade de Newark (EUA) a Singapura, possui a “longa” duração de 18 horas e meia.
Dessa forma, entres as principais consequências da III Revolução Industrial, podemos destacar: a) os rápidos avanços e desenvolvimento nos setores de Ciência e Tecnologia; b) a consolidação do sistema capitalista financeiro; c) a formação e expansão das multinacionais ou empresas globais; d) a relativa descentralização industrial (não há mais a necessidade de as indústrias estarem uma do lado da outra, apesar de isso ainda ser comum); e) a flexibilização do trabalho ou Toyotismo; f) a terciarização da economia.
Sobre esse último ponto, é importante destacar que ele é decorrente do processo de substituição do homem pela máquina. Isso ocorre, principalmente, nos setores primário e secundário da economia, isto é, na exploração dos recursos naturais e na agropecuária, além da produção nas fábricas e indústrias. Dessa forma, o setor terciário (que envolve o comércio, os serviços, as administrações públicas, a educação, a saúde, entre outros) oferece a maior parte dos empregos, que, em geral, disponibilizam benefícios salariais menores e dificultam a capacidade de organização dos trabalhadores. Nos Estados Unidos, por exemplo, cerca de 70% da massa de assalariados encontra-se no setor terciário; no Brasil, esse quantitativo já ultrapassou os 50% e continua se expandindo.
O que se pode notar, dessa forma, é que as transformações tecnológicas não transformam somente as indústrias e os meios de produção, mas também o próprio espaço geográfico e as relações humanas, sejam em âmbito estrutural, sejam em âmbito cultural. Além do mais, podemos dizer que a Revolução Técnico-Científica Informacional é, sem dúvidas, o grande motor da Globalização na atualidade.
Por Rodolfo Alves Pena
Graduado em Geografia










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