terça-feira, 16 de dezembro de 2014

El Nino


El Niño é um evento climático natural que ocorre no Oceano Pacífico, podendo ser definido como um aquecimento anormal das suas águas, seguido pelo enfraquecimento dos ventos alísios. Tais alterações modificam o sistema climático de distribuição das chuvas e de calor em diversas regiões do planeta. Apesar de apresentar uma descrição muito simples, seu funcionamento reúne uma série de conceitos de climatologia, que serão abordados neste artigo em um esquema de perguntas e respostas.
O que é, de fato, o fenômeno El Niño?
O El Niño Oscilação Sul (ENOS) é uma alteração natural e cíclica nas porções central e leste do Oceano Pacífico. Fundamentalmente, ocorre um maior aquecimento de suas águas, de pelo menos 1 grau Celsius, tomando como referência a média térmica desse oceano, que é de 23°C. Seu nome remete ao menino Jesus, pois sua descoberta está associada às observações de pescadores e marinheiros peruanos, que notaram o aquecimento das águas do mar e a consequente redução da quantidade de peixes na época do Natal.
Quais são as origens do fenômeno?
Não há uma única teoria que defina a origem do El Niño, existindo diversas hipóteses como ciclos solares, erupções vulcânicas, acúmulo sazonal de águas quentes no Oceano Pacífico e quedas de temperatura na Ásia Central. Registros paleoclimáticos, históricos, arqueológicos e relatos de navegadores apontam para a sua ocorrência há mais de 500 anos.  Esses apontamentos envolvem mudanças nas forças dos ventos, transformações na quantidade e intensidade de chuvas, secas, enchentes, atividade pesqueira e produção agrícola. O El Niño está relacionado até mesmo à crise agrícola que ajudou na decadência da civilização Maia.
Como o El Niño se desenvolve?
Em primeiro lugar, é importante compreendermos o conceito de pressão atmosférica: alta pressão e baixa pressão. A alta pressão do ar pode ser definida como uma camada de ar frio e denso que se dirige em direção à superfície, movimento conhecido como subsidência (descida) do ar frio. Esse movimento promove o deslocamento dos ventos em direção às zonas de baixa pressão, onde o ar mais quente e menos denso tende a sofrer ascendência (subir), contribuindo para a formação de chuvas.
O aquecimento das temperaturas provocado pelo El Niño influencia o sistema de alta pressão subtropical, localizado a 30° de latitude. O enfraquecimento das altas pressões diminui a força dos ventos alísios, que têm a sua origem nessa região subtropical.  Os alísios são ventos que sopram dos trópicos em direção ao Equador, sendo responsáveis por carregar calor e umidade em direção às áreas equatoriais. No Oceano Pacífico, eles são fundamentais para a ocorrência de chuvas na Oceania e Sudeste Asiático.
Quais são as principais consequências do El Niño?
O El Niño altera a distribuição de calor e umidade em diversas localidades. Na Oceania, em especial a Austrália, e em algumas ilhas do Pacífico, além de países do Sudeste Asiático, como Indonésia e Índia, os verões normalmente úmidos acabam tendo uma redução na quantidade de chuvas. No litoral da América do Sul e da América do Norte ocorre um aumento das temperaturas e, especialmente nos meses de verão, há também um aumento das chuvas e enchentes. Para as áreas pesqueiras do Pacífico leste, como Peru, Chile e Canadá, o El Niño pode ser dramático, diminuindo consideravelmente a quantidade de peixes de acordo com o nível de aquecimento das águas.
Quando ocorreu o El Niño mais forte?
O El Niño mais forte registrado pelos equipamentos meteorológicos modernos foi entre 1982 e 1983, com um aquecimento de aproximadamente 6°C da temperatura do Oceano Pacífico. Seus efeitos foram catastróficos, com perdas econômicas estimadas em oito bilhões de dólares. Apenas as enchentes e tempestades que atingiram os Estados Unidos somaram perdas de dois bilhões de dólares. Enormes secas ocorreram na Indonésia, Austrália, Índia e sudeste da África. A Austrália experimentou diversos incêndios florestais, quebra nas safras agrícolas e a morte de milhões de ovelhas por falta de água. A pesca no Peru resultou em metade dos valores pescados no ano anterior.
Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP













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