quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Destruição de florestas


O desmatamento constitui uma prática relacionada à ocupação humana desde as primeiras formas de agrupamentos sedentários. A atividade agropecuária, condição básica para o desenvolvimento de qualquer tipo de sociedade, depende da retirada da mata nativa e do uso intensivo dos solos. Após as Grandes Navegações, a ocupação europeia nas Américas, África, Ásia e Oceania foi fundamentalmente predatória e só não realizou um extermínio ainda maior de áreas florestadas porque havia uma série de limitações técnicas.
A escala de desmatamento aumentou bastante após o surgimento das sociedades industriais. Na Europa, ainda no século XVIII, a expansão urbano-industrial associada à utilização do carvão mineral foi considerada o maior responsável pela redução das florestas do continente. A poluição formada pelas chuvas ácidas e a necessidade de povoar as áreas interioranas tornaram a Europa o continente que mais devastou suas florestas originais. Existem algumas áreas esparsas repletas de formações secundárias, isto é, tipos de vegetação que ocorrem em fases de regeneração de espécies vegetais, como os maquis e os garrigues na Europa Mediterrânea.
Em países subdesenvolvidos e de clima predominante tropical, as florestas começaram a serem retiradas para a extração da madeira, especiarias e, posteriormente, para a produção latifundiária, pois as monoculturas tropicais exigiam grandes extensões de suas plantações para poder atender às demandas externas. A agroexportação realizada através das plantations ainda representa o pilar da economia dos países subdesenvolvidos e até mesmo nos países emergentes como o Brasil, onde o agronegócio da soja e a exportação do minério de ferro respondem por aproximadamente 25% do valor de nossas exportações.
A organização internacional UNEP – sigla em inglês para Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente – descreve que as florestas cobrem 31% da superfície terrestre e abrigam 80% da biodiversidade do planeta.
As florestas primárias, que ainda não sofreram a ação antrópica, contabilizam 36% do total das áreas florestadas. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a mata nativa brasileira mais devastada é a Mata Atlântica (88% da cobertura original destruída). Em seguida, aparecem a Caatinga e o Pampa (54%), o Cerrado (49%), a Amazônia (20%) e o Pantanal (15%).
Em 2011, as Nações Unidas organizaram o Ano Internacional de Florestas. Um relatório apresentado pela instituição apontou a Mata Atlântica como a quinta floresta mais ameaçada do mundo. As florestas da Índia e de Mianmar aparecem na primeira colocação, restando apenas 5% da cobertura original. Na Oceania, uma área na Nova Zelândia também possui 5% de cobertura original preservada. Em situação crítica, restando 7%, estão uma área nas Filipinas e outra situada entre Indonésia, Malásia e Brunei.
A destruição das florestas acarreta em perda de biodiversidade e habitat de muitas espécies. No contexto das transformações climáticas globais, 20% das emissões antrópicas de CO2 são provocadas pelo desmatamento. Seus efeitos também determinam alterações no ciclo hidrológico, formação das chuvas e nas características de um microclima. Sem as raízes para absorver a água das chuvas, os solos desprotegidos ficam mais suscetíveis aos processos de erosão e em uma escala ampliada podem chegar à desertificação. A água perde a sua capacidade de infiltração e deixa de abastecer os lençóis freáticos, aumentando a velocidade do escoamento superficial e podendo provocar assoreamento de rios e enchentes.
Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP







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