terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Conflito na Palestina- A Faixa de Gaza



A região conhecida como Faixa de Gaza corresponde a um fragmento do território destinado à população árabe residente na Palestina, de acordo com a divisão proposta pela ONU na intitulada Partilha da Palestina no ano de 1947. Localizada próximo ao Mar Mediterrâneo e situada entre Egito e Israel, possui um área de apenas 360 km² (pouco maior que a cidade brasileira de Fortaleza) e uma população de 1 milhão e 657 mil habitantes. Por apresentar uma grande população e se tratando de um território tão reduzido, a densidade demográfica de Gaza é a 5ª maior do planeta, com 4.750.71 hab./ km².
Após a 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948-1949) o Egito assumiu o controle dessa faixa de terra que deveria estar sob a governança dos árabes palestinos. Gaza serviria aos egípcios como uma espécie de proteção contra as tentativas do então recém-criado Estado de Israel de aumentar suas conquistas territoriais frente ao Egito, que detinha potencial para exercer o domínio geopolítico na região.
Pouco depois, em 1956, o Egito adotou uma proposta de integração do mundo árabe que ficou conhecida como Pan-arabismo, tentando reunir esforços para consolidar um elo político, econômico e cultural entre os países árabes e ao mesmo tempo se defender dos interesses das potências ocidentais e de Israel. O marco desse momento foi quando o presidente egípcio Gabal Abdel Nasser nacionalizou o Canal de Suez, importante ligação entre os mares Vermelho e Mediterrâneo e fundamental para o comércio do petróleo entre o Oriente Médio e o ocidente.
Entretanto, a vitória egípcia foi ofuscada pelas conquistas israelenses que ocorreram em 1967, após aGuerra dos Seis Dias. Ao término do conflito, Israel ampliou suas fronteiras anexando os territórios da Cisjordânia (Jordânia), Colinas de Golã (Síria), Península do Sinai e Faixa de Gaza (Egito). Apesar de Gaza não possuir recursos especiais como solos férteis ou mesmo reservas de recursos naturais estratégicos como petróleo, a sua posse foi fundamental para Israel consolidar suas ambições de dominar uma faixa territorial contínua junto ao Mar Mediterrâneo.
No ano de 1979 foram realizados, nos Estados Unidos, os Acordos de Camp David, reunindo o líder egípcio Anwar Al Sadat e o premiê israelense Menachem Begin. Mediados pelo presidente estadunidense Jimmy Carter, os acordos foram responsáveis por estabelecer pela primeira vez a paz entre Egito e Israel, que manteve a posse da Faixa de Gaza, mas devolveu ao Egito a Península do Sinai. Em troca, o Egito reconheceu a soberania do Estado de Israel, tornando-se o primeiro país árabe a realizar esse feito, o que foi interpretado como atitude contrária aos antigos ideais de autonomia das nações árabes.
A Faixa de Gaza acabou sendo um palco para a demonstração de força do Estado de Israel frente às forças palestinas que buscavam a independência, o que também levou à formação de grupos extremistas que utilizaram o fundamentalismo religioso como forma de obter apoio das massas para a realização de atos terroristas, como por exemplo, o Hamas, que desde a sua fundação em 1987 tem utilizado Gaza como um de seus principais centros de organização, aproveitando também a situação de miséria social para perpetuar seus ideais e recrutar a população jovem e desprovida de perspectivas.
No ano de 1993 ocorreram os Acordos de Oslo, quando o presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, intermediou um diálogo entre o líder palestino Yasser Arafat e o primeiro ministro de Israel, Yitzhak Rabin. Entre as determinações principais, Israel se prontificou a encerrar a ocupação civil e militar sobre a Faixa de Gaza e na Cisjordânia, reconhecendo a autonomia palestina. Os palestinos, por sua vez, se organizariam em torno de uma forma de governo democrática conhecida como ANP – Autoridade Nacional Palestina, abandonando a luta armada e adotando a diplomacia como mecanismo principal para garantir seus interesses.
*Créditos da imagem: ChameleonsEye e Shutterstock.com
Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP








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