quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Estado islâmico III



Os jihadistas do Estado Islâmico (EI) são menos numerosos do que sugerem a magnitude e a rapidez de suas conquistas no norte do Iraque, afirmam os especialistas, que identificam cinco chaves para explicar seu avanço.
Em dois meses de ofensiva, os jihadistas se apoderaram de vastos territórios iraquianos e mais recentemente tomaram dos curdos várias cidades da região de Mossul.
No entanto, estes combatentes, aos quais ninguém consegue deter, são apenas alguns milhares. A razão de seu êxito não reside em sua força, mas em outros motivos:
As armas em seu poder
O EI dispõe de tanques, veículos militares "Humvee", mísseis e outros tipos de armamento pesado. Trata-se de material principalmente de fabricação americana e abandonado pelo exército iraquiano ao bater em retirada no início da ofensiva dos jihadistas.
"Acumularam grandes quantidades de equipamento de que precisavam", segundo Anthony Cordesman, do Centro para os Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington.
A experiência síria
Embora o EI tenha nascido no Iraque – em 2004 com outro nome –, foi seu envolvimento no conflito sírio o que lhe permitiu se converter no poderoso grupo atual.
"Os combates na Síria ofereceram ao EI treinamento e oportunidades de aprendizagem excepcionais", ressalta o grupo americano Soufan, especializado em serviços de inteligência.
O EI, presente desde 2013 na Síria, onde combate o regime, mas também os rebeldes, tem agora uma reputação de grupo sanguinário, com combatentes que não temem morrer.
Lutas estratégicas
Para seus combates, os jihadistas priorizam as zonas sunitas onde podem angariar apoio, infraestruturas estratégicas ou locais defendidos, minimizando, assim, as perdas para manter sua unidade.
"Percorreram uma distância considerável nos últimos dias, mas em zonas muito pouco povoadas onde encontraram pouca resistência", estima John Drake, do grupo AKE.
Além disso, "um dos pontos fortes do EI é fazer seus inimigos fugirem quando eles já foram debilitados", ressalta Michael Knights, especialista do Washington Institute.
Uma propaganda eficaz
A ofensiva do EI sempre é precedida por sua reputação de extrema brutalidade, o que lhe permite se apoderar de cidades inteiras sem encontrar resistência.
Seus membros, que dominam a internet e as redes sociais, divulgam principalmente fotografias de seus inimigos decapitados. Os jihadistas divulgam uma imagem de crueldade quase sobre-humana, segundo Patrick Skinner, do grupo Soufan.
Em Sinjar (norte), os civis, em pânico, abandonaram a cidade quando o EI anunciou sua entrada iminente. "A intimidação é uma tática importante para o EI", segundo Drake. "Embora não utilizem todas as armas que tomam, as fotografam com fins de propaganda", acrescenta.
Opositores fracos
Mas é sobretudo a debilidade de seus opositores o que permite o avanço do EI.
"Os peshmergas (forças curdas iraquianas) são muito bons (em relação às outras forças iraquianas), mas seus recursos de infantaria são escassos. Os que têm experiência combatendo Saddam Hussein saíram", explica Cordesman. Além disso, os curdos têm problemas financeiros.
O exército iraquiano, que tenta se recompor após a debandada dos primeiros dias de ofensiva, também não consegue enfrentar o EI. "O EI revelou lacunas patéticas de seus oponentes, para começar o espetáculo realmente lamentável do exército iraquiano", segundo Soufan.

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