A Doutrina Bush e o "eixo do mal"
Em 11 de setembro de 2001, dois aviões foram lançados com tripulação, seus passageiros e terroristas suicidas sobre as duas torres do World Trade Center, em Nova York. Essa foi a parte mais "espetacular" de uma seqüência de atentados: o Pentágono foi atingido por outro avião, enquanto mais um caiu próximo à cidade de Pittsburg, antes de atingir o alvo - provavelmente a Casa Branca em Washington. De fato, tudo parecia um grande espetáculo, com cenas ao vivo, mostrada pelas TVs de todo o mundo.
A organização terrorista Al Qaeda foi responsabilizada pelo ataque aos Estados Unidos. A base da Al Qaeda estava sediada no Afeganistão, onde se encontrava o seu principal líder, o milionário de origem saudita Osama Bin Laden. O Afeganistão, controlado pelo grupo islâmico radical Talebã, se recusou a entregar Osama Bin Laden e a destruir a base da organização terrorista. Em 7 de outubro de 2001, tropas anglo-americanas atacaram o Afeganistão com o apoio do grupo afegão anti-talebã, Aliança do Norte. A derrota do regime Talebã foi seguida da ocupação do país por tropas anglo-americanas e a instalação no poder de um governo pró-Estados Unidos.
Os Estados Unidos utilizaram os atentados de 11 de setembro como justificativa a uma "cruzada mundial contra o terror" em defesa da "paz mundial" e da sua segurança interna. O terrorismo, os governos que lhe dão apoio e abrigo e os países que desenvolvem armas de destruição em massa e que contestam o poder norte-americano, foram colocados como os principais alvos da nova doutrina de segurança nacional. Passaram a ser classificados em um agrupamento denominado "Eixo do Mal". Num primeiro momento, de forma declarada, constavam neste grupo o Iraque, o Irã e a Coréia do Norte, já que o Afeganistão já havia sido ocupado pelas tropas norte-americanas.
O “Eixo do Mal”
A expressão "Eixo do Mal" foi utilizada pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em seu discurso anual no Congresso norte-americano em 2002, para se referir a três países (“Estados vilões”) que constituíam uma grave ameaça ao mundo e à segurança dos Estados Unidos: Coréia do Norte, Irã e Iraque. Estes países, segundo Bush, desenvolviam armas de destruição em massa ou patrocinavam o terrorismo regional e mundial, ou faziam as duas coisas ao mesmo tempo. Mais tarde os Estados Unidos incluíram também Cuba, Líbia e Síria a este seleto grupo de países. A expressão eixo do mal é uma dupla referência histórica: eixo lembra o eixo Berlim-Roma na Segunda Guerra Mundial (nazifascismo) e mal retoma o termo império do mal, forma como o governo Reagan se referia à União Soviética durante a Guerra Fria. Um eixo do mal mantém latente a ameaça exterior e justifica a necessidade de manutenção de um expressivo orçamento, do governo Bush, na defesa. |
Em 2002, o presidente George Bush divulgou o documento "A estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos", que ficou conhecido como "Doutrina Bush". Este documento apresenta as estratégias político-militares que passaram a ser adotadas pelo país em nome da defesa nacional, frente às ameaças a que poderiam estar sujeitos o território e o povo norte-americanos.
O documento declara a intenção dos Estados Unidos em agir militarmente, por conta própria e decisão unilateral em nome do direito de autodefesa, de maneira preventiva e antecipada: atacar antes e perguntar depois. Dessa forma, os Estados Unidos, em nome do anti-terrorismo e do combate de países considerados e avaliados como ameaçadores aos seus interesses, justificaram as suas ações e procuraram torná-las legítimas diante da opinião pública norte-americana e internacional.
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