quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Dia Mundial da Água



Dia Mundial da Água
De maneira geral, a sociedade tem muita dificuldade em manter o foco no uso consciente da água... e o desperdício vai se perpetuando, principalmente nas grandes cidades. É certo também que o uso da água pelo ser humano representa uma fatia pequena do consumo total, uma vez que cerca de 70% do uso vai para a agricultura, 20% para uso na indústria (nos produtos e processos) e apenas 10% da água serve ao ser humano de forma direta. Isso significa que seria necessário rever várias das atividades humanas, se realmente queremos obter um maior impacto no uso mais racional deste recurso natural. É um grande desafio, sem dúvida.
Acho importante chamar a atenção para outro problema grave e que está “matando” nossa água, principalmente de que quem vive nos grandes aglomerados urbanos – a falta de coleta e tratamento dos esgotos. É mesmo um desastre ambiental diário e silencioso. Menos de 44% da população está ligada a uma rede de esgotos e menos de 30% do esgoto é tratado, segundo dados do Ministério das Cidades - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis) 2008 -, então são bilhões e bilhões de litros de esgotos jogados in natura todos os dias nos nossos rios, lagos, bacias e mar. Isso significa um impacto ambiental grave que deve ser ferozmente combatido, se realmente queremos um país sustentável, econômica, social e ambientalmente.
Poluída, a água passa de grande aliada do ser humano a seu um inimigo mais poderoso ao transmitir várias doenças, como mostrado pelo Instituto Trata Brasil em seu último estudo “Esgotamento Sanitários Inadequados e Impactos na Saúde da População”. Este estudo, realizado com dados das 81 maiores cidades do País (acima de 300 mil habitantes), mostra que as diarreias respondem atualmente por mais de 50% das doenças relacionadas ao saneamento básico inadequado, e o pior de tudo, que o grupo mais vulnerável dessa tragédia são as crianças de até 5 anos de idade - em 2008 foram 67,3 mil crianças dessa faixa etária internadas por diarreias, número que representou 61% de todas essas hospitalizações.
Outro tema que beira o absurdo é o nível médio de perda de água no Brasil que é de 40%, um número assustador quando pensamos que de cada 100 litros de água coletada da natureza e tratada para envio à população, 40 litros em média são perdidos, seja por vazamentos, seja por roubo ou outros fatores. Há cidades no país aonde as perdas de água chegam a 70% ou até mais... o que dizer ? É certo que há também bons exemplos de empresas com fortes investimentos e que estão reduzindo as perdas para atingir níveis abaixo de 20%, mas o desafio é grande e tem que ser perseguido diariamente. Cabe aos gestores públicos responsáveis, ou seja, Governo Federal, Governadores e Prefeitos, olharem atentamente a gestão das empresas operadoras em sua cidade ou Estado e cobrar estas melhorias, cobrar metas de avanço em coleta e tratamento, cobrar transparência dos dados à sociedade, etc. 
Só assim, com fiscalização, com investimentos constantes na solução dos esgotos, com amplas campanhas de informação à sociedade e comprometimento dos governantes conseguiremos ver nossos cursos d´água melhorarem trazendo de volta o ecossistema natural do oceano, dos lagos, rios e das bacias hidrográficas, tão importantes para o equilíbrio da vida, para o abastecimento de água das cidades, para o lazer e tantas outras coisas importantes ao ser humano .
É tempo de comemorar o Dia Mundial da Água, mas também de usar toda nossa energia na cobrança das autoridades e na mobilização da sociedade.

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