sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Aquífero Guarani



Aqüífero Guarani
Djalma Weffort
Aqüífero Guarani
Mata plantada protege recurso hídrico em São Paulo
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O  Aqüífero Guarani é um extenso reservatório de águas subterrâneas subjacente a quatro países: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Suas águas ocorrem preenchendo espaços (poros e fissuras de rochas que se convencionaram denominar guarani. As rochas do guarani constituem-se de um pacote de camadas arenosas que se depositaram na bacia sedimentar do Paraná ao longo do Mesozóico (períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo Inferior) – entre 200 e 132 milhões de anos. A espessura das camadas varia de 50 a 800 metros  em profundidades que podem atingir 1800 metros. Dado o gradiente geotérmico, suas águas podem atingir temperaturas elevadas, em geral de 50ºC a 85ºC .
A arquitetura arqueada para baixo do pacote sedimentar que constitui o Aqüífero Guarani é resultante da pressão dos derrames de lavas basálticas sobre eles depositados, da ativação de falhamentos e arqueamentos regionais e do soerguimento das bordas da bacia sedimentar do Paraná.
O Aqüífero Guarani é talvez o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo, estendendo-se desde a Bacia Sedimentar do Paraná – Brasil Paraguai e Uruguai – até a Bacia do Chaco – Paraná na Argentina, principalmente. Está localizado no centro-leste da América do Sul, entre 12º e 35º de latitude sul e entre 47º e 65º de longitude oeste.
O termo Aqüífero Guarani é a denominação formal dada ao reservatório transfronteiriço de água subterrânea doce, formado pelos sedimentos fluvio-lacustres do período Triássico (245 – 208 milhões de anos) – formações Pirambóia e Rosário do Sul no Brasil, Buena Vista no Uruguai; e sedimentos eólicos desérticos do período Jurássico (208 – 144 milhões de anos) – formações Botucatu no Brasil, Misiones no Paraguai e Tacuarembó no Uruguai e Argentina, (Rocha, 1997). Esta denominação unificadora foi dada pelo geólogo uruguaio Danilo Anton em homenagem à nação Guarani que habitava essa região nos primórdios do período colonial. Vale salientar que este sistema aqüífero foi primeiramente denominado de Aqüífero Gigante do Mercosul, por ocorrer nos quatro países participantes do referido acordo comercial (Araújo et al.,1995).

Florestas conservadas contribuem para a proteção do Aquífero 
O Aqüífero Guarani tem extensão total aproximada de 1,2 milhões de km², sendo 840 mil km² no Brasil, 225,500 mil km² na Argentina, 71,700 mil km² no Paraguai e 58,500 km² no Uruguai. A porção brasileira integra o território de oito Estados: MS (213.200 km²), RS (157.600 km²), SP (155.800 km²), PR (131.300 km²), GO (55.000 km²), MG (51.300 km²), SC (49.200 km²) e MT (26.400 km²).
As reservas permanentes de água são da ordem de 45.000 km³ (ou 45 trilhões de metros cúbicos), considerando uma espessura média aqüífera de 250m e porosidade efetiva de 15%, e correspondem à somatória do volume de água de saturação do Aqüífero mais o volume de água sob pressão.
As reservas explotáveis do Aqüífero correspondem à recarga natural (média plurianual) e foram calculadas em 166 km³/ano ou 5 mil m³/s, e representa o potencial renovável de água que circula no Aqüífero. A recarga natural ocorre segundo dois mecanismos: por meio de infiltração direta das águas de chuva na área de afloramento; e, de forma retardada, em parte da área de confinamento, por filtração vertical (drenança) ao longo de descontinuidades das rochas do pacote confinante, onde a carga piezométrica favorece os fluxos descendentes.
Sob condições naturais, apenas uma parcela das reservas reguladoras são passíveis de explotação. Em geral, esta parcela é calculada entre 25% e 50%  (Rebouças, 1992) das reservas reguladoras ou de 40 a 80 km³/ano. Este volume pode aumentar dependendo da adoção de técnicas de desenvolvimento de aqüíferos hoje disponíveis. Entretanto, os estudos deverão ser aprofundados para definir a taxa de explotação sustentável das reservas, uma vez que as retiradas somadas às descargas naturais para rios e oceano não poderão ser superiores às taxas de recargas naturais.
A combinação da qualidade da água ser, regra geral, adequada para consumo humano, com o fato do aqüífero apresentar boa proteção contra os agentes de poluição que afetam rapidamente as águas dos rios e outros mananciais de água de superfície, aliado ao fato de haver uma possibilidade de captação nos locais onde ocorrem as demandas e serem grandes as suas reservas de água, faz com que o Aqüífero Guarani seja um manancial mais econômico, social e flexível para abastecimento do consumo humano na área.
Quinze milhões de pessoas encontram-se na área de domínio do Aquífero
A população atual do domínio de ocorrência do Aqüífero Guarani é estimada em 15 milhões de habitantes. Um importante alcance social e econômico das águas subterrâneas da Bacia Sedimentar do Paraná e do Aqüífero Guarani em particular, resulta do fato de estas poderem ser consumidas, em geral, sem necessidade de serem previamente tratadas, tendo em vista os mecanismos de filtração e autodepuração bio-geoquímica que ocorrem no subsolo. Aspectos relativos ao desenvolvimento e uso das funções do aqüífero são ainda inscipientes. Dentre estes usos destaca-se o uso energético em balneários e indústrias agropecuárias. O uso da energia termal de suas águas poderá resultar em economia de quilowatts ou na cogeração de energia elétrica.
Vale ressaltar, que o principal fator de risco da utilização das águas subtarrâneas resulta do grande número de poços rasos e profundos que são construídos, operados e abandonados sem tecnologia adequada, devido à falta de controle e fiscalização nas esferas federal, estaduais e municipais. Nesse quadro, a poluição dos aqüíferos superiores – que ocorre, local e ocasionalmente, tanto no Brasil, Paraguai, Uruguai ou Argentina – poderá contaminar a água que é extraída dos poços profundos que captam do Aqüífero Guarani, até mesmo quando estão localizados nos seus setores confinados.
O Projeto Aqüífero Guarani objetiva a formulação de um marco legal e institucional para a gestão dos recursos do aqüífero. Desta forma, deverá contribuir significativamente para o avanço dos conhecimentos técnicos e científicos que embasarão o modelo de gestão conjunta a ser desenvolvido pelos países.

Fonte: Agencia Nacional de Águas 

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