A REGIÃO Metropolitana de São Paulo (RMSP), com 20.731.917 milhões de habitantes, é caracterizada pela conurbação de 7.497,3 km2, em áreas pertencentes a 39 municípios. Os processos desordenados de uso e ocupação do solo durante a urbanização espontânea levaram à ocupação de fundos de vale, várzeas de rios, à impermeabilização de grandes extensões de solo e à eliminação de matas ciliares. Isso acarretou forte impacto ambiental que, somado à queima de combustíveis fósseis em grande escala, exerceu influência sobre as variáveis atmosféricas, interferindo no clima local, que passou a caracterizar o clima urbano de São Paulo.
Pereira Filho et al. (2007) observaram que a rápida expansão horizontal da Região Metropolitana de São Paulo resultou no aumento da temperatura do ar e a alteração na distribuição diária de chuvas, notadamente no período chuvoso. Essa irregularidade levou a precipitações e tempestades que, devido à ilha de calor, tornam-se mais intensas na malha urbana (Lombardo, 1985). A precipitação não ocorre com a mesma intensidade em toda região. O local preferencial para escoamento são as represas Billings e Guarapiranga, no sul da cidade de São Paulo, parte do grande sistema de abastecimento de água da metrópole, que conta com mais seis sistemas para seu abastecimento.
A configuração urbana e a maneira como a malha urbana se expandiu em direção aos mananciais comprometem a qualidade da água dos reservatórios, trazendo problemas, tanto em sua condição bruta como na água já tratada, sobrepondo especialmente os problemas de poluição antrópica às alterações climáticas presentes na região. Silva (2008) destaca que, como consequências dessa sobreposição de fatores, podem surgir na água tratada características associadas à presença de microalgas, cianobactérias e seus produtos extracelulares: sabor e odor, formação de trihalometanos (THM) e corrosão de unidades do sistema de abastecimento. Nesse contexto, na água bruta, é comum que surjam florações de cianobactérias, que se acentuam de acordo com a disponibilidade de fósforo e nitrogênio, provenientes principalmente da poluição aquática. Esteves e Suzuki (2011) ressaltam que o incremento nas florações de cianobactérias em muitos ecossistemas aquáticos continentais ao redor do mundo tem se associado a mudanças climáticas, dentre elas o aquecimento global. Florações ou blooms(em inglês) das cianobactérias, fitoplânctons que são produtores potenciais de toxinas, aumentam a quantidade de matéria orgânica na água do manancial. Essa matéria, combinada ao cloro utilizado nas estações de tratamento de água, pode gerar ainda outra toxina: os trihalometanos, que são subprodutos da cloração da água rica em matéria orgânica. Ambos, cianotoxinas e trihalometanos, são prejudiciais à saúde humana, constituindo um problema de saúde pública.
Investigar associações entre elementos climáticos na Região Metropolitana de São Paulo - especialmente o regime de chuvas e alterações na temperatura atmosférica - e a proliferação de cianobactérias é de suma importância para entender melhor a influência do clima urbano na saúde da população. Tais estudos devem subsidiar a previsão de impactos à saúde decorrentes das mudanças climáticas globais, uma vez que os prognósticos do Intergovernmental Pannel on Climate Change (IPCC) indicam aumento na frequência de episódios climáticos extremos e de variações temporais e espaciais nas características climáticas.
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