terça-feira, 5 de maio de 2015

Dia do Índio


Para fugir dos mitos 


Como estamos, então, reconhecendo e valorizando esta riqueza sociocultural tão representativa? Com base nos pontos levantados por Lilian, proponho algumas questões que podem colaborar para atualizar a abordagem sobre o Dia do Índio e ir além do que muitos livros apresentam. São perguntas que abrem debates e podem ser aplicadas ora com os docentes, ora com os alunos, fazendo parte de uma sequência de trabalho. Vamos a elas.


1)    O índio só tem um dia por ano? Na sua escola, esta data tem se restringido a caracterizações como fantasias, adornos e exposições de artesanato, cantos e danças? Ou são promovidas pesquisas com os alunos, baseadas na atualidade das questões indígenas? Proponha estudos e atividades sobre quem são e onde vivem os índios brasileiros de hoje, seus direitos, sua situação territorial, os impactos sociais e ambientais que eles sofrem, suas valiosas contribuições para nossa língua e nossa cultura e os conhecimentos que estão se perdendo na sala de aula e na vida. São muitos conteúdos que podem perpassar várias disciplinas ao longo do ano e não apenas em uma data especial.


2)    O que é um “programa de índio”? Há quem use o “dia de índio” como um termo pejorativo para indicar um dia ou passeio cheio de imprevistos e problemas! Há, também, quem diga que os índios são preguiçosos, atrasados, pois não acessam o progresso das cidades, não frequentam escolas boas como os brancos e um monte de absurdos que percebo influenciar, seriamente, o discurso e o aprendizado de crianças e jovens. Os professores podem estimular uma discussão sobre este uso da expressão e fazer um levantamento sobre as percepções dos estudantes sobre o assunto. Com base nisso, podem planejar novas abordagens para fugir dessa visão simplista e promover uma descoberta dessas culturas plurais com as quais convivemos.


3)    Os direitos dos índios são os mesmos direitos dos outros brasileiros? Todos nós buscamos acesso a moradia, Educação, saúde, transporte, lazer, qualidade de vida e terra ou espaço para produzir os bens de consumo e gerar renda. Esses aspectos estão claros quando pensamos em nossa vida, mas muitas pessoas têm dificuldade de tratar com seriedade quando eles são abordados do ponto de vista dos povos indígenas. Muitos grupos tradicionais perderam qualidade de vida e, principalmente, condições de saúde, em razão da busca desenfreada pelo que se chama de progresso. É primordial relativizar essa questão e buscar se colocar no lugar dos outros. Ao ampliar o olhar de educadores e alunos para a realidade indígena, estamos buscando o verdadeiro sentido da cidadania e da evolução dos humanos na mesma grande casa Terra que acolhe a todos, indistintamente.

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